quarta-feira, novembro 22, 2006

Protocolos inúteis da sociedade

Há coisas na vida que alguém um dia se lembrou de inventar, pegaram e tornaram-se protocolos a seguir religiosamente. Coisas simples, que não custam nada, mas também não servem para nada!
Senão vejamos:

- no barbeiro, no final de cortado o cabelo, aparadas as pontas rebeldes atrás das orelhas e feita a barba à nuca, o Sr.Chico, que só tem 7 dedos ao todo, pega num espelho que tem lá pendurado na parede e mostra-me o reflexo da parte de trás do meu pescoço. Primeiro do lado direito, depois do esquerdo, faz-me ver que o trabalho está pronto. Claro que faz os possíveis para não mostrar aquela parte da nuca que está a arder como o catano das arranhadelas da navalha ou aquela outra parte que chegou mesmo a sangrar.

Mas para quê?! Qual é o objectivo? Eu limito a fazer um "Hmmm hmmm" ou dizer "Tá óptimo, sim senhor". Penso que é esse o meu papel! É a minha parte do protocolo! Ele mostra-me a nuca, como que a estender a mão para um "bacalhau" e eu digo "Sim, senhor" como que a estender a minha para lha apertar, num cumprimento cordial. E é isto todas as vezes que vou ao barbeiro...

A única vez que um barbeiro violou o protocolo e não me mostrou a traseira da cabeça foi em Aljezur. Um barbeiro com mais de 70 anos, fez o favor de me "aparar" o cabelo da nuca quase até ao nível do cocuruto. Coincidência?! Talvez fosse, porque o senhor estava com cara de quem ia morrer brevemente e não tinha tempo a perder com protocolos inúteis. Para terem uma ideia da antiguidade do senhor, digamos que a "máquina" de cortar cabelo que ele possuía no estabelecimento ainda não era sequer eléctrica!!

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